Archive for Abril, 2009
Windy City, here I am!
Abril 27, 2009José Luís Bush?
Abril 19, 2009Vi há pouco o primeiro-ministro espanhol prometer “guerra ao terror da ETA”, num discurso inflamado. Presumo que com a colossal crise económica do país seja necessário arranjar temas “mobilizadores”. Ah como eram belos os tempos em que tudo era simples: era o tempo em que Bush era estúpido-perverso (uma combinação que nunca entendi: não é fácil encontrar semelhante associação), por usar a violência e a repressão na “guerra ao terror”, e Zapatero mostrava o caminho, por querer negociar com a ETA. Era o tempo em que Zapatero indicava pouco menos do que o futuro da humanidade. Já estou a ver o Presidente Obama um dia destes a fazer algo parecido. É só esperar um bocadinho.
O Zé tem razão
Abril 18, 2009Aparentemente, o vereador Zé quer tirar os cartazes políticos do Marquês de Pombal. Quer também limpar muitas paredes de graffitis e quer ainda melhorar os espaços destinados a publicidade. Estou de acordo e sou insuspeito: não aprecio o Zé. Depois do escabeche que fez com o túnel do Marquês de Pombal, certamente custar-lhe-ia vir a reconhecer que o dito túnel se transformou num dos mais importantes instrumentos de ordenamento do tráfico no centro de Lisboa.
Mas tirar os cartazes do Marquês parece-me um mínimo de higiene pública. Não há nada pior do que cartazes políticos: gente feia (enfim, a Laurinda Alves é gira, mas a fotografia não a favorece), cores horríveis, slogans foleiros… O Marquês, depois de completado o Plano Carlos Ramos tornou-se numa bela praça modernista, com o enquadramento do parque e dos edifícios circundantes. Aqueles cartazes horripilantes dão cabo do bouquet. No outro dia disse isto a uma companhia apropriadamente de esquerda, que logo reagiu com o ar de “lá estás tu com as tuas reacionarices”. Talvez agora que o Zé defende o mesmo a opinião mude.
Os graffitis também. Claro que, há uns anos, quando se discutiram ideias parecidas, logo surgiram fantásticas diatribes contra o regresso do fascismo e o fim da liberdade de expressão. Parece que o Zé não acha isso. E eu acho bem.
O Zé também tem mobilizado recursos privados para investir nos parques de Lisboa, embora insuficientes, o que se vê pelo estado deplorável dos parques. Também acho bem o princípio. Claro que se fossem outros, o mesmo seria considerado uma óbvia concessão ao “neoliberalismo”. É o típico na esquerda: as ideias dos outros são todas sinistras e motivadas por razões sinistras, excepto quando passam a ser nossas.
Claro que o Zé nem sequer tem sido um bom vereador, o que mais uma vez se vê pelo estado dos parques. Mas desta vez tem razão.
O mundo segundo Obama
Abril 17, 2009(Publicado no jornal Meia Hora, 16/4/2009)
Nunca houve um Presidente americano tão pouco escrutinado pela imprensa e pela opinião pública quanto Obama. O unanimismo acéfalo não é apenas triste, é também perigoso: protegido de críticas, Obama conseguiu produzir um orçamento e um plano de recuperação bancária desastrosos; e ao mesmo tempo que o enamoramento continua, ninguém parece preocupado com o foguetão da Coreia do Norte, com o plano de rearmamento da Rússia ou a proximidade da bomba nuclear iraniana.
Claro que muitos destes problemas vêm de trás e que a administração anterior nem sequer lidou sempre bem com eles. Mas também convém admitir que alguma da incapacidade dessa administração resultou da mais completa falta de solidariedade para com ela: era o tempo em que tudo o que Bush fazia, desde apertar os sapatos de manhã até dialogar com Putin, era resultado da sua profunda estupidez. E também convém perceber que grande parte do que se passa é já resultado da acção da corrente administração. A administração Obama parece actuar, tragicamente, como se acreditasse na sua própria propaganda; como se todos os problemas tivessem nascido com Bush e fossem agora acabar graças ao toque taumatúrgico do novo Presidente. Obama já mandou duas mensagens ao Irão (uma delas em farsi, o que até é uma ofensa para os cerca de 50% de não-persas do pais). Talvez seja um pouco exagerado: o Irão não merece assim tanta deferência. Claro que o Irão respondeu acelerando os seus planos nucleares e exigindo ainda mais contrição aos EUA. A administração propôs recomeçar tudo com a Rússia, no acto varrendo para debaixo do tapete a ocupação militar de parte da Geórgia. A resposta foi o anúncio de um plano de rearmamento. E no dia em que Obama anunciou o seu conceito de um mundo sem armas nucleares, a Coreia do Norte mostrou que tinha dado um salto tecnológico. No meio disto, ainda se viu John Kerry na Síria a pedir desculpa pelos actos passados dos EUA e delegados americanos a manterem “conversas privilegiadas” com o Hamas.
A postura de Obama tem sido a de aceitar o peso da culpa por tudo o que aconteceu no passado recente (e muitas vezes remoto), desse modo libertando a consciência dos outros. Mas a verdade é que nem tudo foi culpa dos EUA nem a consciência dos outros merece sempre ser libertada. Perante esta mortificação, anda tudo a ver até onde a nova América os deixa ir. A continuar assim, pode deixá-los ir bem longe. Mas nalgum ponto terá de parar. Resta saber qual e se vamos gostar do resultado.
Muito alto
Abril 16, 2009O presidente de todos
Abril 16, 2009Perna de pau
Abril 14, 2009Engano-me ou a facilidade com que os marines usaram o gatilho contra os piratas da Somália não mereceu nenhuma daquelas reacções indignadas contra os EUA tão típicas até Janeiro de 2009? Não há dúvidas de que o presidente americano opera maravilhas. Entretanto, parece que os piratas são insensíveis aos seus poderes mágicos.
Os Beatles, Brian Wilson e o Panda
Abril 8, 2009I wonder…
Abril 8, 2009A moda é ser muito obamista, pró-americano e dizer mal da Europa. Depois de anos a incensar a Europa como a oitava maravilha do mundo, o projecto político mais fascinante desde o neolítico e o futuro da humanidade, parece que agora é um desastre sem remissão. Pergunto-me se isto aconteceria se a França e a Alemanha não fossem governadas pela direita?